Como lidar com emoções dos seus filhos

Acabaram-se as férias. Começaram as escolas. Para alguns, escolas novas, para outros, escolas conhecidas. Entramos novamente na rotina ou criou-se uma rotina nova. Para muitas crianças, e muitas famílias, esta altura do ano é uma altura muito desafiante. Tenho recebido várias solicitações de pais preocupados com a entrada dos filhos em infantários. Mais especificamente, preocupações sobre a adaptação e as grandes emoções presentes no momento em que o pai ou a mãe deixa o filho na escolinha (e para alguns a altura mais preocupante começa já antes de deixar a casa). Por muito que os funcionários nas escolas digam que a criança “já fica bem!”, as emoções que o pai ou a mãe levam consigo ao sair da escola são tudo menos positivas.

A adaptação (o período menos positivo) costuma demorar entre duas semanas e um mês (se demorar mais de um mês vale definitivamente a pena investigar a situação mais um pouco). Durante esse período, muitos pais deixam crianças aos berros, agarrados à portas e pernas… As frases que os pequenos mais ouvem são algo do género: “A mamã já vem, agora tem de trabalhar. Vais ficar bem! Tens muitos amiguinhos. Vais te divertir muito na escolinha. Olha aí o Pedrinho! Ele está tão bem, não está a chorar! Tu já és grande, não precisas de chorar!”…

O que gostaria de sugerir é que, em vez de desviar a atenção das emoções e reações que a criança está a demonstrar, faça ao contrário, foque-se precisamente no que a criança está a exprimir. Dê importância e reconheça os sentimentos, ajude a criança a descrever o que está a sentir com palavras.

Por exemplo: “Tens muitas saudades minhas quando te deixo na escola? Olha, isso quer dizer que gostamos muito um do outro, eu também sinto muitas saudades tuas durante o dia. É bom chorar quando temos vontade de chorar, não faz mal nenhum chorares. Se calhar faz-te sentir um pouco melhor? Onde é que sentes as saudades? No coração? Na barriga? Eu sinto aqui no coração!” etc.

Ao desviar a atenção da criança e ao desvalorizar os sentimentos, corremos o risco de passar a mensagem de que o que ela está a sentir é errado (mesmo que a intenção não seja essa).

A emoção aparece no corpo e na mente da criança como se fosse uma pilha bem carregada, se mantivermos o foco no que se realmente está a passar, se tivermos coragem de segurar essa pilha, ela vai descarregar por si só, e a emoção vai rapidamente passar. Isso não quer dizer que a pilha nunca voltará, mas cada vez que volta, se não tivermos medo de segurar nela, vem com menos carga.

Mikaela Övén, formadora LIFE Training, coach na area da parentalidade, practitioner PNL

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